terça-feira, 23 de setembro de 2014

Quase melhor que sorvete de chocolate


Não entendo como uma pessoa pode mudar completamente a vida de outra, chegar fazendo bagunça, virando você do avesso, te fazendo de gato e sapato, e o mais impressionante é que isso trás uma sensação boa, é fazer você gostar de estar do avesso, quase como... Felicidade. Sim, felicidade! Nos deixa feliz saber que por algum motivo (inexplicável para nós) alguém nos quer em sua vida, alguém não se importa que baguncemos a vida dela, e que esse mesmo alguém adora nos bagunçar. Como podemos não ficar felizes com alguém gostando de nós quando não estamos usando máscaras? Felicidade mais pura que essa, só quando ganho sorvete de chocolate.  







terça-feira, 26 de agosto de 2014

Arquivos do Word

          Você está fazendo um estrago em minha vida emocional e mental. Não consigo escrever nada além de um texto sentimental que parece ter sido escrito por um bêbado amargurado. Não consigo escrever nada além de muitas palavras confusas. Nada além de mais um texto sem sentido, sem concordância, que começa e termina falando sobre você. Mais um texto que vai ser salvo sem título e esquecido como tantos outros numa pasta com arquivos do Word.
            Todos esses textos são como correr em círculos, começam e terminam no mesmo ponto: você. E todo o trajeto só tem um objetivo: esquecer-te. Mas a única coisa que consigo é pensar cada vez mais em como eu gostaria que você estivesse aqui.
            E o que fazer? Não sei. Estou perdida em um quarto escuro onde a única iluminação provém da tela do computador e o único barulho é o som das teclas e da minha mente, que grita, implora, exige por você.



- Marieli Mezari (17 anos, Estudante de Psicologia e CDC na página Eu, Você e um Livro) 

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Resenha: Se Eu Ficar (Gayle Forman)

Edição: 1
Editora: Novo Conceito
ISBN: 9788581635415
Ano: 2014
Páginas: 224
Tradutor: Amanda Moura

Sinopse: Depois do acidente, ela ainda consegue ouvir a música. Ela vê o seu corpo sendo tirado dos destroços do carro de seus pais – mas não sente nada. Tudo o que ela pode fazer é assistir ao esforço dos médicos para salvar sua vida, enquanto seus amigos e parentes aguardam na sala de espera... e o seu amor luta para ficar perto dela. Pelas próximas 24 horas, Mia precisa compreender o que aconteceu antes do acidente – e também o que aconteceu depois. Ela sabe que precisa fazer a escolha mais difícil de todas.

Mia Apenas se lembra da música.

Se eu ficar remete à jovem violoncelista Mia, que ao perder sua família em um acidente de trânsito, precisa decidir se está disposta a continuar viva ou partir para sempre. Praticamente todas as relações fraternais e sociais do livro estão relacionadas a música, exceto sua amizade com a Kim. Seus pais, eram fascinados pelo gênero rock \m/, Mia, apaixonada pela música clássica, portanto, sempre sentiu-se deslocada, dentro da própria família. O seu namorado Adam, também pertence ao gênero rock porém o que os une, é a música.
Durante o livro todo, a narradora é a "alma" de Mia, pois o seu corpo está dominado pelos tubos da UTI. Em coma, a garota relata sobre a vida que antecede o acidente, seus sonhos, suas amizades, ua música e é claro sobre o seu amor, Adam.
Quando encerrei o livro, foi como um baque. Não estava esperando pelo fim, poderia ter prosseguido por mais dezenas de páginas. O enredo deveria ter sido um tanto a mais explorado, com um epílogo melhor desenvolvido

Resenhado por Luis Felipe Sidnei

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Sonhos

         Já ouviram aquela frase: “Os ventos sopram a favor”? Ultimamente na minha vida há um tornado soprando contra.
            É como se tudo que eu desejasse acontece exatamente ao contrário, mudando meu rumo, mas afinal, não é isso que a vida faz? Obriga-nos a dançar conforme a música, correr conforme o vento. É difícil remar contra a maré, não é impossível, apenas difícil. Se quisermos realizar nossos sonhos precisaremos ir contra, nem que isso gaste toda nossa energia, seria muito pior desistir dos sonhos por medo de tentar, guardar nossa energia para um sonho que as outras pessoas aceitem. Fazendo isso, desperdiçaríamos nossos sonhos, nossa energia, e o mais importante: nossa vida.
            Precisamos lembrar tanto para nós mesmos quanto para as outras pessoas que temos nossos sonhos, nossas vontades e desejos, lembrar que vivemos a vida da maneira que desejarmos. Não devemos ignorar a opinião das pessoas, porém, não devemos usar as opiniões alheias como normas impostas sobre nós.
            Viver da maneira que desejamos vai muito além de não fazer nada mais que nossa própria vontade. Um sonho engloba sentimentos e emoções. E realizar um sonho não é simples como muitos pensam, pois somos confrontados por nossos medos e desejos, pelas pessoas que amamos e suas opiniões, pela sociedade que julga e oprime, mas há também a liberdade, o desejo, há aquele sentimento inexplicável que toma conta de nós ao pensarmos que estamos próximos de realizar nosso sonho, sentimento esse, que aquece a alma, ilumina nossa mente, traz brilho aos nossos olhos.
            Uma pessoa que não se esforça pelos seus sonhos, que simplesmente espera que ele aconteça, ainda não entendeu o significado de ter um sonho, lutar por ele, ir atrás, mexer-se, ir contra, confrontar, tudo isso faz parte do sonho, o sonho não é um destino, é um caminho. E quando o ser humano entender isso, aí sim, todos os sonhos do mundo estarão ao alcance de nossas ações.


- Marieli Mezari (17 anos, Estudante de Psicologia e CDC na página Eu, Você e um Livro)

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Resenha: Misery: Louca Obsessão (Stephen King)

          

                                          
Título: Misery: Louca Obsessão
Autor: Stephen King
Ano: 1987
Editora: SUMA de letras
Páginas: 326
Tradutor: Elton Mesquita






Nesse livro, Stephen King conta a história de Paul Sheldon, um escritor famoso conhecido principalmente por sua saga de livros "Misery". Após sofrer um acidente Paul acorda na casa de uma velha enfermeira aposentada, Annie Wilkes, que diz ser sua fã numero um, mas que não gostou nem um pouco do final do último livro de "Misery". A partir disso, Annie força Paul Sheldon a escrever um novo livro para a série, uma edição especial apenas para ela que seja do jeito que ela deseja. Enquanto isso acontece, ele é dopado por remédios para a dor que a velha senhora possui em abundância, e quando algo não acontece do jeito que ela deseja, Paul Sheldon sabe que será responsabilizado/torturado.

Numa emocionante trama, King consegue nos levar dentro da mente do personagem, sentindo suas dores e aflições, seus medos e esperanças. É como se estivéssemos sendo torturados com Paul Sheldon. Um livro que não nos deixa dormir, pois nossa mente fica repetindo: "Só mais um capítulo".  


- Marieli Mezari (17 anos, estudante de Psicologia e CDC na página Eu, Você e um Livro)

domingo, 27 de julho de 2014

Conto: Ouvindo Livros

Hoje eu acordei mais cedo. Me levantei e olhei o rack bem na frente da minha cama, viajando nos livros perfilados e no silêncio desta manhã eu comecei a ouvir o som dos livros. Imaginei a voz de Alan Kardec entoando um salmo, flutuei naquele som quase divinal e por que não divinal. Por um instante eu vi Alan Kardec entoando aquela canção, meio canto gregoriano...Simplesmente lindo!
A Edith Piaf, que voz daquele livro, que música linda, que suavidade da melodia, acompanhada por uma orquestra celestial, a melhor sensação que um ser humano pode sentir, uma sensação de eternidade. Em seguida me deparei com o livro de Santo Agostinho e pensei numa frase em que Ele diz quem canta reza duas vezes e ligado nesta frase profunda ouvi o som daquele livro que me remetia a um tempo distante, mas ao mesmo tempo a um momento atual, que ao ouvir aquele som eu me sentia leve e com emoção aflorando do fundo do meu ser, chorei. Chorei mas um choro sem lágrimas, como um orgasmo de bem estar... Me senti leve e livre por alguns instantes, foi quando uma mistura de sons começou como uma sinfonia de várias vozes, de todos os livros, Charles Darwin,Élio Gaspari, Lou Marinoff, Luk Ferry, Kant, Isabel Allende, Tristan Hunt, Janine Burk, Osho, Marx, Nietzsche, Freud, Sócrates, Adorno, Pascal, Lock, Aristóteles, enfim , não dá pra citar todos senão o texto fica cansativo e não é esta a intenção. Todas estas vozes soavam como um grande coral hora afinadíssimo, hora desafinado, mas um som iluminado. Foi aí que ouvi uma voz vinda de um livro bem magrinho, um livro que seguindo a ordem por tamanho, fica no final da fila mas não diminui em nada em relação aos demais. Esta voz vinha suave, melodiosa, calma e meio nostálgica, era a voz de Vida Cigana da Júlia Carolina, que fazia um dueto muito bem entoado com os poemas da Suely Sette, poemas que já nascem com som, arranjo, melodia e tudo mais. Assim diante de tantos sons, de tantos sons metafísicos, filosóficos, espirituais, esotérico, calmos, agitados, psicodélicos, malucos, belezas eu encerro este texto ao som do Bread de David Gates, que embalou este texto desde o início. Mas vocês que são de vez em quando malucos, procurem ouvir o som de seus livros na estante por um instante, apaguem a luz do mundo e acenda a luz da percepção. levite, transmutem, busquem e encontrem algo que os tire da rotina. Viagem sem rumo, sem passaporte, sem destino e sem tempo de chegar ou de partir. Boa viagem, curta este som que eleva e que leva ao céu do conhecimento, ouça com atenção o som dos livros.
"Eu sou ligado em som de livros,em som de discos, em som de vozes de gente, eu sou ligado no som de sua voz, no som da vida e no som do silêncio".


Escrito por José Matos

Conto: O taxista que era filho de uma quenga

Depois de alguns minutos, em frente ao Teatro Municipal, o táxi parou e eu abri a porta. Pensei que não houvesse mais Fuscas sendo utilizados como táxis, em pleno ano 2007. Senti algo esquisito na fisionomia daquele motorista. Eu estou atrasado para a palestra e não posso dar-me o luxo de escolher muito. Entrei no veículo mesmo assim. Aquele bigodinho fino acompanhado de um sorriso insuportavelmente sarcástico de quem pensa que o mundo inteiro é otário e só ele é esperto não estava descendo pela minha goela. Não entendia porque aquele cara não parava de revezar o olhar entre o trânsito e a minha direção. Seu globo ocular não parava quieto, parecia um sono R. E. M., só que com os olhos abertos. Eu tentava permanecer concentrado na leitura do livro, mas aqueles olhos ficavam, vez por outra, fitando-me, como se quisesse pescar alguma coisa.
- Que livro é esse aí na sua mão?
- O Segredo.
- Ah, esse aí que é aquele livro que promete sucesso e dinheiro para pessoas fracassadas?
- Cada um olha as coisas pelo ângulo pelo qual lhe é mais familiar…
- Você conhece alguém que ficou rico lendo esse negócio aí?
- De certo modo, sim.
- Ah, então ele guardou muito bem esse segredo, não é?
Meu Deus, esse homem deve sofrer, parcialmente, de paralisia facial. Ele só sorri com um dos cantos da boca… – pensei.
- Senhor taxista, pode dar-me um cartão seu? Quero sempre usufruir dos préstimos de um profissional bem sucedido.
O “sincero-man”, uma espécie de versão maligna de Jorge Kajuru, rasgou a ponta de um pedaço de um exemplar da semana passada do Metrô News – jornal de distribuição gratuita de São Paulo – rabiscou uns garranchos e estendeu para mim.
- Vitório Bom Sucesso?
- É o meu nome.
- É por isso que o senhor despreza tanto esse livro… com um nome desse, quem precisa?
- Esse seu livro é excelente para ficar rico. Os autores ganharam bastante dinheiro com ele.
- Algumas pessoas da minha família também.
- Você tem família?
- Ué! Por que a surpresa?
- Pela sua cara de infeliz, achei que não tivesse.
O trânsito de São Paulo estava aquela maravilha de sempre. E eu, morrendo de vontade de fazer o que mais ninguém pode fazer por mim…
- Senhor Bom Sucesso, eu preciso tirar água do meu joelho, vou aproveitar que está tudo parado e ir naquele jardinzinho ali.
- Vai lá, meu caro, porque por mais que seja grande a sua força de vontade, o universo não trará um banheiro até você.
Comecei a forçar o trinco da porta do Fusca, que parecia emperrada.
- Vai! Com força e pra cima!
- É isso aí, senhor Bom Sucesso!
- Ahahahaha… não se empolgue, moço. Estou referindo-me ao trinco. Você está mesmo fissurado nesse livro. Que dó de você…
Fica difícil concentrar-se numa atividade tão natural para o ser humano, quando alguns engraçadinhos, que estão parados no trânsito, querem divertir-se às suas custas, gritando da janela do carro, se você pretende que naquele jardim nasça um pé de erva mate quente, pronto para beber, tendo em vista a temperatura da água com a qual as plantas estão sendo regadas. Ah, vai pro inferno.
- Pronto, seu Vitório, toca o barco.
- Pra falar a verdade, até que eu acho os livros de autoajuda uma boa. De repente, se a pessoa não tem dinheiro pra pagar uma psicóloga e não tem com quem conversar… a autoajuda pode estar ajudando.
- Eu li alguns livros que ensinam a arte de enriquecer e consegui amealhar cem mil reais, em dois anos, aplicando na bolsa de valores.
- Ah, isso funciona mesmo. Sempre que a minha mulher enche o meu saco, dizendo que está com dor de cabeça, eu dou uma pílula de farinha pra ela e ela fala que está bem melhor.
- Geralmente, as coisas estão na frente do nosso nariz e não a percebemos. Alguns profissionais escrevem livros para ajudar-nos a ver isso.
- Está certo. Sua riqueza existe, mas está no mundo espiritual, por enquanto. É isso que os autores do livro ajudaram você a perceber?
- Há muito o que se refletir sobre suas palavras, seu Vitório. Vou pensar nisso, hoje, enquanto estiver tomando banho.
- Você toma banho?
- Hoje, eu pretendo, se conseguir chegar em casa antes das dez da noite porque estou morrendo de sono.
- Está certo, meu filho, de vez em quando é bom…
- Como assim de vez em quando?
- Não tente tapar o sol com a peneira, rapaz. Fica tranquilo, você está mostrando-se coerente. Ficar um tempo sem tomar banho é uma boa técnica. Você deve se sentir importante quando, enfim, toma.
- O tempo é muito escasso: ou eu limpo a minha casa ou eu tomo banho.
- É um problema fácil de resolver: como você tem cara de quem vive em marte, deve ficar pensando na morte da bezerra e demorar no banho. Então, é só deixar a porta do seu banheiro aberta. O vapor do chuveiro não vai deixar a sua casa brilhando, mas vai dar uma boa limpadela. Como eu suponho que a sua casa deva ser pequena, o vapor vai abranger todos os cômodos. Melhor do que nada pra quem vive no chiqueiro.
- Eu já faço isso. Tomo, sempre, banho com a porta aberta.
- porque está quebrada. Eu aposto.
- Senhor Vitório, eu vou descer aqui mesmo. Foi um prazer conhecê-lo.
- O prazer foi todo meu, amigo.
- Ops, desculpe-me por ter pego na sua mão, esqueci da paradinha que o senhor deu pra mim.
- Não é uma falha difícil de se perdoar, se eu pensar que também não devia estar cumprimentando você.
Ao lado do câmbio, pude ver uma revista pornográfica da década de 60.
- Como o senhor faz para não imaginar que essas mulheres já são avós?
- Uma bela mulher será sempre uma bela mulher.
- Principalmente quando congelada em uma imagem de fotografia, senhor Bom Sucesso.
- Ei, não diga isso. Elas merecem respeito. Como você mesmo lembrou, são senhoras, mães de família.
- Com filhos que dirigem táxi.

Escrito por Marcelo Garbine
Postagens mais antigas → Página inicial