sábado, 26 de julho de 2014

Conto: Viúvo

   Já se faziam mais de vinte anos, e todo o sábado as nove horas da manhã emponto, o velho saia de casa, terno, gravata, sapato bem polido, perfumado e com um ramalhete de flores na mão, rosas vermelhas, pra onde ia os vizinhos não sabiam, mas imaginavam, ele vai na casa de alguma namorada, que não quer assumir, dizem as más linguas.
   Caminhando, meio curvado devido a idade, oitanta e nove não é fácil, com a mão esquerda meio tremula, seguia seu caminho. Na estrada ele sempre lembra da mulher, muito linda mas um demônio batia nele, o traia, engravidava dos outros, ela não permitia que ele a tocasse, ele cuidou de cada um dos filhos alheios, amava a todos como se fossem todos seus. Ela não queria saber de criança, apeas fazer, isso ela adorava, chegava ao ponto de levar homens para casa deles só para ele saber que ela estava com outro.
   Não trabalhava passava dias na casa de homens e em bares e ele dia e noite sem descanaso, tinha que sustentar a mulher e as crianças. Quando podia ela roubava o diheiro do esposo para comprar roupas provocantes, todos os filhos cresceram, e odiavam a mãe, adoram o pai, até hoje ligam, sempre querem saber como ele está, mandam dinheiro.
   O velho senhor não casou de novo, por medo de ter outra mulher igual ou pior àquela que está morta, ele nem sequer namorou de novo, morreu não, mataram, ela devia muito para agiotas e esses não dão perdão.
   Chegando no cemitério, com dificuldade levanta a cabeça, da um enorme sorriso, na maior alegria vai até o túmulo da mulher, deixa as rosas, volta para casa, sabendo que ela odiava  rosas, aida mais as vermelhas, e não pode fazer nada contra ele.

Escrito por Uriel dos Santos Souza

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Conto: Notívago

Mini-coto inspirado em minha noite lendo "O Livro do Cemitério".

Não era como se ele esperasse por isso. Mal sabia o que estava fazendo enquanto rolava de um lado a outra da cama na esperança de que pudesse dormir. A noite gelada afagava sua pele, que se enroscava num fino lençol de algodão. O livro era sobre algo sobrenatural, surreal e que lhe havia prendido toda a atenção... Mas de fato não era como se ele esperasse por isso. Queria dormir, teria um dia cheio ao amanhecer e pensar nisso o deixava preocupado. A luz de seu quarto estava acessa, e de fato receara que não dormiria naquela madrugada uivante.
Ouvira algo tremelicar vindo da cozinha, um arrastar de pés um pouco abafado que lhe fez abaixar o livro e visualizar a escuridão que tragava o restante da casa. “Que bobagem”, pensou. Voltara à leitura, seu sono já havia fugido tão tresloucado quanto sua obstinação por ter algo surreal na madrugada. Seus olhos eram rápidos e sagazes, por mais que tivessem com um leve pesar sonolento poderiam ser bastante fiéis, e o garoto constatou que viu um vulto... Algo semelhante a um tremeluzir de uma chama presa ao pavio de uma vela; estava abobadado, de fato. Não ligara, era como se desse crédito ao silêncio pelas peças pregadas enquanto todos dormem... Continuou a leitura, o jovem rapaz do livro estava prestes a descobrir seu paradeiro quando um gato soltou um rangido gutural fazendo a leitura cessar. Eram dois gatos na verdade, a eloquência animalesca que se instaurou em seu telhado não deixava dúvidas... “Estariam eles cantando uma ópera para a lua?”, mas pouco importava, queria voltar à leitura. Faltavam poucas páginas, e estava confiante que terminaria aquele livro naquela mesma noite.
Enterrou a cara nas páginas, estava decidido. Ouviu o som da noite se aflorar pela casa, pela rua... Ouviu o rodar baixo de um caminhão que se perdia na estrada lá fora e logo após erguer a cabeça, fechando o livro, suspirou e viu que era dia. Um belo dia anunciado pelo canto dos pássaros, pelos raios do sol querendo invadir as frestas e pelo silenciar lunar dos gatos cantores. Havia de fato lido aquele livro numa única noite, mas pareceu mais intrigado com os sons, ruídos e comunicações que a escuridão podia simular. No fundo, tinha a ligeira impressão que alguém, ou ninguém, o observava enquanto lia. Mas seria louco se dissesse isso. Apenas levantou, viu o sol, viu o dia... E percebeu que fora apenas mais uma noite, mais um dia, e que tudo se repetiria outrora.

  Escrito por Pedro Izídio

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Resenha: Cidades de Papel (John Green)


Nome: Cidades de Papel
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Páginas: 368
Tradutor(a): Juliana Romeiro
Nota: ✭✭✭✭✭

"Em Cidades de Papel, Quentin Jacobsen nutre uma paixão platônica pela vizinha e colega de escola Margo Roth Spiegelman desde a infância. Naquela época eles brincavam juntos e andavam de bicicleta pelo bairro, mas hoje ela é uma garota linda e popular na escola e ele é só mais um dos nerds de sua turma.

Certa noite, Margo invade a vida de Quentin pela janela de seu quarto, com a cara pintada e vestida de ninja, convocando-o a fazer parte de um engenhoso plano de vingança. E ele, é claro, aceita. Assim que a noite de aventuras acaba e um novo dia se inicia, Q vai para a escola, esperançoso de que tudo mude depois daquela madrugada e ela decida se aproximar dele. No entanto, ela não aparece naquele dia, nem no outro, nem no seguinte.

Quando descobre que o paradeiro dela é agora um mistério, Quentin logo encontra pistas deixadas por ela e começa a segui-las. Impelido em direção a um caminho tortuoso, quanto mais Q se aproxima de Margo, mais se distancia da imagem da garota que ele pensava que conhecia."


----- Pode conter spoiler -----

Depois que li " A culpa é das estrelas" do mesmo autor de "Cidades de papel", achei que não iria ter outro livro preferido de John Green que não fosse "A culpa é das estrelas", porém, quando li "Cidades de papel" essa opinião rapidamente mudou. O livro contém romance, suspense e aquela pitadinha do Green de "quero mais", impossível parar de ler, em um dia e meio terminei o livro todo. A narrativa do autor é fácil e contagiante, nos prendendo do início ao fim.
Quentin sempre fora apaixonado por Margo e algumas semanas antes do baile de formatura ela aparece em sua janela o convidando para um passeio, é claro que ele não recusa. Os dois passam uma noite maravilhosa, cheia de aventuras, descobertas e muita emoção. Em um momento do passeio, Margo diz que Orlando não passa de uma 'cidade de papel, cheia de pessoas de papel, com suas vidas de papel, pois todas estão vivendo uma mentira'. No fim ela diz "sentirei falta de me divertir com você" e um dia depois desaparece. Ela é conhecida por seus desaparecimentos repentinos sem deixar pistas, e quando se dão conta de que ela sumiu todos pensam que logo ela irá voltar, assim como tantas outras vezes. Porém, ela não retorna. Quentin fica cheio de dúvidas pelo seu desaparecimento e resolve investigar. Após uma conversa com os pais da garota, Quentin fica informado de que Margo sempre deixa pistas após desaparecer, mas que essa pistas nunca levam a lugar algum, então ele começa a seguir essas pistas e as descobre através de músicas, poesias, todos deixados propositalmente por Margo.
(Fonte das imagens: Google)
Com a ajuda de seus melhores amigos, Quentin vai atrás de Margo, e no desenrolar da aventura acaba descobrindo que "Cidades de papel" pode significar "bairros abandonados" e é por aí que Q começa a entender a garota, e percebe que é isso mesmo que ela é, uma garota, apenas uma garota melancólica e cheia de segredos, mas com um bom coração e uma enorme sede de aventura.
O livro é lindo, com um final que permite ao leitor decidir o destino dos personagens, com um toquinho especial de Green, dando emoção para quem lê, deixando sempre um gostinho de "quero mais". Achei mais instigante e original que "A culpa é das estrelas", mas como mudo facilmente de opinião vou esperar ler os outros dele para julgar melhor. E vocês, já leram? Se sim, o que acharam?

Rafaela Samara

domingo, 13 de julho de 2014

Resenha: Meu Conselheiro de Luz (Mila Wander)

Título: Meu Conselheiro de Luz
Autor(a): Mila Wander
Edição: 1
Editora: Novo Século
ISBN: 9788576797944
Ano: 2012
Páginas: 384

Sinopse: Rafaela descobriu o verdadeiro significado do amor. Sim, ela já havia se apaixonado algumas vezes e namorado alguns garotos da escola... Nenhum deles, porém, é como Leonardo, um rapaz naturalmente bom. Na verdade, um anjo. Não um anjo mítico, desses de histórias fantásticas, pois não possui asas, nem auréola. Mas ele brilha e emana uma luz calma impressionante, trazendo a ela um fio vibrante de esperança. Tudo seria perfeito, se ele não fosse um espírito. E ela também. No entanto, o fato de ela ser um mero fantasma vagando pela Terra e ele um poderoso Conselheiro de Luz não a impede de fazer de tudo para conquistá-lo. Ela cogita até mesmo ajudar sua pior inimiga, a garota que sempre fez questão de humilhar. Na verdade, esta é a condição para que Rafaela alcance o céu... E Leonardo. O problema é que ela não sabia que isso poderia ser tão difícil: para chegar ao céu, não basta querer. A garota terá de se libertar do orgulho e da raiva... E utilizar-se de sentimentos como o amor e o perdão.

Rafaela é a famosa 'patricinha' que na escola figura o lugar de 'a mais popular', onde todos querem ser amigos e tem todos garotos aos seus pés,  porém de repente ela sofre um trágico acidente e não sobrevive. Então  ela chega numa área intermediária entre o céu e o inferno e é informada  que não poderá ir para o céu até retornar à Terra como um ser  espiritual, e corrigir seus erros sérios cometidos por lá.

Durante este percurso Rafaela recebe a ajuda de Leonardo, uma criatura  mais desenvolvida, integrante da ordem dos Conselheiros de Luz. Leonardo  era um ser que emanava uma luminosidade serena, a qual o envolve em um  brilho que transmitia calma e esperança à Rafaela.

Pedindo licença para citar outro livro,
"Me apaixonei do mesmo jeito que alguém cai no sono: gradativamente e de  repente, de uma hora para outra. A Culpa é das estrelas (Pág. 118) "
 quando deu por si Rafaela estava completamente apaixonada por Leonardo,  e não era o mesmo amor que ela havia experimentado em vida, mas sim o  puro, verdadeiro e duradouro, aquele que te faz querer fazer loucuras  para está perto do ser amado, que quanto mais perto você fica mais perto  quer ficar, como se fosse possível unir o seu coração ao da pessoa  amada. Por causa disto, para ir pro céu e ficar junto a Leonardo,  Rafaela aceita sua missão, auxiliar a menina que ela mais odiava na  escola, a quem constantemente rebaixava e desprezava.

Este é o primeiro livro da autora, que já escreveu muito outros, alguns eu pude  acompanhar  pelo Wattpad, e o que digo é que a Milla é uma escritora  incrível, a emoção que ela consegue passar com os personagens faz com  que você se prenda a leitura, e no meu caso como estava acompanhando  pelo Wattpad, que sai capítulo a capítulo, ficava na expectativa pela conclusão dos livros.

A lista completa das obras da autora pode ser encontrada Aqui

       Paula Gonçalo (21 anos, estudante de Sistemas de Informação e CDC da página Eu, Você e um Livro)

sábado, 12 de julho de 2014

Resenha: Bruxos e Bruxas - James Patterson e Gabrielle Charbonnet

Bem-vindo ao seu pior pesadelo,ou talvez um que você não consegue nem imaginar Um mundo onde tudo mudou.Sem livros,sem filmes,sem música,sem liberdade de expressão.Todos com menos de dezoito anos não são confiáveis.Você e sua família podem ser levados e aprisionados a qualquer momento.Sua existência é dispensável,até indesejada.

 A vida de muitas pessoas gira em torno de arte,livros,dança,música etc,imagine um mundo em que tudo isso é proibido e quem desobedece as leis é preso ,torturado e morto? É nesse mundo,que os irmãos White e Wisty vivem. No atual mundo,em que a Nova Ordem comanda,em que tudo é motivo de você ser preso,em que só uma pessoa comanda o mundo O ÚNICO Que É O Único.
White e Wisty são bruxos,tanto ele quanto ela tem poderes extraordinários,e são esses adolescentes que tem a missão de salvar todas as crianças do ÚNICO Que É O Único,mas para isso eles terão que entrar no submundo,serem presos,virar``bichos e objetos`` e enfrentar o todo poderoso.
Nessa emocionante aventura você encontrará seu mundo,seu país da forma que ele estará daqui á alguns anos,destruído,em guerra e com pessoas mortas e uma delas pode ser você.

 Então tudo bem por aí,onde quer que você esteja?Escute,por favor:viva o momento,não se preocupe com o que vai acontecer depois.É o seu cérebro,a sua vida,a sua atitude...Vai lá e encha a sua vida de visões e sons e ideias que são maiores que você.


quinta-feira, 10 de julho de 2014

Resenha: Sociedade do Medo - A Irmandade Secreta (Pedro Izídio)

Título: Sociedade do Medo
Subtítulo: A Irmandade Secreta
Autor(a): Pedro Izídio
Editora: Independente
Páginas: 244
Ano: 2013
Avaliação: ✭✭✭✭✭

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Sinopse: Não há liberdade sem luta, e para que possamos alcançá-la, precisamos lutar! Ambientado numa época “atemporal” a história remete a um ideal utópico liderado por um sistema autoritário, chamado Hegemonia. As pessoas são submetidas a uma ressocialização disciplinar, onde tramitam os costumes de submissão arcaicos. Há regras, cumpra-as! Quem for contra o sistema, é contra sua própria vida. Segredos virão à tona. Vidas estarão em jogo. O futuro da nação dependerá exclusivamente de seus próprios pertencentes. Não há como burlar o sistema, tampouco, querer derrubá-lo. Então... Aja dentro das leis e será recompensado. Permitir ser uma cobaia do sistema ou lutar secretamente por uma liberdade que nunca desfrutou? Não sabemos... "Você está sob nosso controle, nada que fizer o tirará daqui". 

O dia estava perfeitamente normal, assim como deveria ser. O metrô com sua constante circulação de pessoas. Nada mudara. Entretanto, Paulo jamais poderia imaginar que algo muito grande estaria prestes a acontecer com todo o território brasileiro. 
De repente, imensas aeronaves cruzaram o céu, transformando tudo em um intenso holocausto. Soldados atacavam os cidadãos, destruíam moradias e num piscar de olhos, Paulo e seus amigos estavam escondidos atrás da parede falsa de sua casa tentando raciocinar o que acabara de acontecer com a cidade. 
Com o decorrer do livro, podemos perceber o quanto as personagens amadurecem fisicamente e mentalmente, transformando-os em verdadeiros guerreiros. Pedro Izídio consegue colocar a realidade brasileira em um livro aparentemente de ficção, todavia representa nada além que a pura verdade. Somos escravos da sociedade norte-americana, queremos ser tanto como eles, que um dia simplesmente não teremos mais nenhuma identidade nacional. O livro também traz, de uma forma oculta, o quanto nós somos manipulados pelo governo e impedidos de utilizar a "massa cinzenta", não possuímos autonomia para questionar, apenas recebemos ordens e obedecemos. 
Eu tenho orgulho de dizer que eu pude ler uma ficção puramente brasileira, sem qualquer vestígio internacional. É maravilhoso poder ler sobre nosso país e continuar crendo que existem escritores atuais valorizando tanto a nossa cultura.

Resenhado por Luis Felipe Sidnei

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Resenha: A Seleção (Kiera Cass)

Título: A Seleção
Autor: Kiera Cass
Ano: 2012
Editora: Seguinte
Páginas: 361
Tradutor: Cristian Clemente
✭✭✭✭

Sinopse:
Nem todas a garotas querem ser princesas. America Singer, por exemplo, tem uma vida perfeitamente razoável, e se pudesse mudar alguma coisa nela desejaria apenas ter um pouquinho mais de dinheiro e poder revelar seu namoro secreto. Um dia, America topa se inscrever na Seleção só para agradar a mãe, certa de que não será sorteada para participar da competição em que o príncipe escolherá sua futura esposa. Mas é claro que seu nome aparece na lista das Selecionadas, e depois disso sua vida nunca mais será a mesma...


O livro se passa no futuro, mais especificamente nos Estados Unidos (quer dizer, onde hoje é os Estados Unidos). Após muitas guerras o país se recompõe com o nome de Illéa, que é governada pela família real, e o país é dividido em castas, de 1 a 8.
America Singer pertence a casta 5, que é composta por artistas. Apesar de estar completamente apaixonada por Aspen se inscreve para participar da Seleção: trinta e cinco garotas disputando o príncipe, Maxon, que era totalmente diferente do que ela imaginou. Acaba dividida entre os dois. Enquanto tenta aproveitar o máximo o que o palácio pode lhe oferecer (comida e conforto) têm que lidar com seus sentimentos, que estão um tanto confusos.
            É o primeiro livro da trilogia (A Seleção – A Elite - A Escolha), li rapidinho porque não via à hora de saber o que ia acontecer. A Seleção é um daqueles livros que te prendem do início ao fim, ele é engraçado e envolvente, além disso, os personagens são encantadores.



Marieli Mezari, (17 anos, estudante de Psicologia e CDC na página Eu, Você e um Livro)
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